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Cocô não é tabu

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Há quatro mulheres para cada homem com constipação intestinal

Sendo hoje o Dia Internacional da Mulher e aqui um blog com foco em doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e retocolte ulcerativa), achei bem oportuno trazer para vocês um assunto considerado tabu, principalmente para as mulheres.
Embora predomine a diarreia na maioria dos casos de DII, pode haver constipação intestinal.

Um problema que pode ter sido desenvolvido na infância

Penicos que falam, cantam e até parabenizam a criança; redutores de assento, papel higiênico colorido, vasos sanitários de personagens infantis, músicas temáticas. Existe todo um mercado estruturado para ajudar as pessoas a lidar com ele desde cedo.
Sim, estamos falando do cocô! 
Porém, nada disso parece ter sido efetivo. A quantidade surpreendente de casos de adultos com traumas sérios, constipação crônica e até fobia (!) indica: (ainda) precisamos falar sobre o cocô.

O que acontece na infância não fica na infância

Para o pediatra Carlos Eduardo Correa, quando nos tornamos adultos, colocamos este tema em uma espécie de ‘esconderijo’ que pode trazer sérios problemas de saúde, como intestino preso, má digestão, hemorroidas e, em casos mais graves, até fobias patológicas.

“A vergonha não é só de falar sobre o tema, mas sobre o próprio ato de fazer cocô. Eu principalmente percebo este tabu no universo feminino, que é invadido pela publicidade focada em vender produtos para as mulheres fazerem cocô e transformar suas vidas”.

O assunto é tão sério que os pesquisadores até criaram uma escala de cocô. Sim, é a Bristol Stool Chart, que você confere abaixo. Ela é uma ótima maneira de avaliar suas fezes e descobrir se elas podem estar sinalizando algum problema.

O que o formato do seu cocô diz

O que a ciência diz sobre esse tabu

Estudo realizado pela Federação Brasileira de Gastroenterologia revela que duas em cada três mulheres sofrem com algum problema intestinal.

A pesquisa ‘Saúde Intestinal da Mulher’ (SIM) ouviu 3029 mulheres em dez cidades brasileiras de várias regiões do país e as principais queixas mencionadas foram gases (57%), inchaço (56%), sensação de peso (46%) e prisão de ventre (26%). Das que relataram alterações no funcionamento do intestino, 89% afirmaram que o problema afeta o humor e 79%, a vida sexual e, conseqüentemente, a autoestima.

Professora da Faculdade IPEMED Ciências Médicas, a gastroenterologista e doutora em medicina Virgínia Figueiredo explica que questões biológicas fazem com que as mulheres sofram mais com os problemas de intestino. “A prevalência da constipação intestinal na população ocidental varia entre 20 a 30%. No entanto, as fases hormonais relacionadas ao ciclo menstrual vão predispor as mulheres a uma maior incidência de prisão de ventre. A maior parte das pessoas que sofre de intestino preso tem problemas de alimentação e não existe nenhuma doença ou alteração metabólica que justifique a constipação. É o que chamamos de constipação funcional”, explica.
Do ponto de vista cultural, segundo a especialista, a diferenciação na forma como se educa meninos e meninas pode ajudar a entender a incidência maior da constipação intestinal na população feminina. “Meninos podem fazer xixi na rua, mas a menina, não”, exemplifica. Além do contexto machista que permeia a questão, Virgínia Figueiredo lembra ainda que falar sobre cocô é um tabu. “A ideia de que é algo sujo ou que não devemos falar sobre isso persiste mesmo as alterações intestinais sendo um problema comum. Há um aspecto cultural nessa negação de um ato fisiológico”, aponta.
Segundo a psicanálise, a primeira renúncia pulsional da criança para se submeter à cultura é o controle do esfíncter. Apesar dessa exigência ser compartilhada por meninos e meninas, é desde a infância que a cultura machista vai subjugar a mulher a padrões muito mais rígidos de comportamento. A psicanalista e professora da pós-graduação em psiquiatria da Faculdade IPEMED Ciências Médicas, Gilda Paoliello, reforça ainda que é uma questão do feminino o ideal da mulher ser bela, sedutora, perfeita. Nesse contexto, defecar é desonroso. “A forma subjetiva de como cada mulher lida com sua posição feminina vai também dirigir a forma como ela lida com suas exigências fisiológicas, seu corpo, seus desejos. Assim, algo como o ato de defecar, completamente natural, pode ser visto pela mulher como uma obra degradante que ela esconde, retém”, afirma a especialista.
 

Não fazer cocô fora de casa desregula o hábito fisiológico

“Não negue o reflexo evacuatório, tenha um horário para evacuar, sinta o prazer da evacuação. A negação desse reflexo pode se tornar um círculo vicioso e levar à contipação intestinal. Essa prisão de ventre gera uma série de queixas como indisposição, mal-humor, barriga cheia. A origem da palavra enfezado vem da sensação de ficar aborrecido por não evacuar”, afirma a gastroenterologista Virgínia Figueiredo.

Tabu

A gastroenterologista Virgínia Figueiredo afirma que até mesmo os profissionais de saúde têm dificuldade em abordar o tema do cocô com os pacientes. “O cocô é tabu social até mesmo entre os médicos, mas clinicamente é importante saber como são as fezes do paciente. Qual a consistência? Como é o cheiro? Tem algum elemento anormal? É preciso abordar todos os aspectos da vida de um paciente para construir a melhor história possível, se chegar ao diagnóstico e oferecer o melhor tratamento”, salienta.

O que é normal

O odor das fezes tem relação direta com o que se come e vai ser mais forte quanto mais tempo a pessoa fica sem evacuar. As fezes devem ser sólidas ou pastosas sem muco, sem sangue, sem restos de alimentos. O espectro do que é considerado um hábito intestinal normal varia muito. A ida ao banheiro até três vezes por dia está dentro da normalidade e, desde que a pessoa não sinta desconforto ou tenha a sensação de eliminação incompleta, não fazer cocô diariamente também não é sinal de constipação. “As fezes da pessoa constipada são ressecadas, fragmentadas, duras. Ela pode ficar mais de três dias sem evacuar e, em alguns casos, é preciso utilizar as mãos para retirar as fezes”, explica Virgínia Figueiredo.

Dicas

A nutricionista e especialista em nutrição funcional do Instituto Mineiro de Endocrinologia, Hanna Vitta, afirma que o intestino afeta as emoções e o humor. “Vários estudos demonstram que o intestino é capaz de produzir grande quantidade de neurotransmissores, como a serotonina e dopamina, que são responsáveis pela sensação de bem-estar e colaboram para bom funcionamento intestinal”, explica. Por isso, é importante buscar estratégias para reduzir o estresse e a ansiedade. As dicas da nutricionista incluem, além de uma alimentação saudável, atividade física regular, água, dormir bem, entre 6h e 8h horas por noite, e respeitar a vontade de corpo.
Para evitar a constipação, além das fibras – encontradas em verduras, legumes, frutas com casca, cereais integrais, sementes e grãos -, evite o consumo de alimentos processados, industrializados, farinha refinada, doces, sal e açúcar.

Finalmente, o “não cocô” também pode dizer muito sobre nós mesmas. “A moral, a vergonha, o nojo são aspectos que se constituem no processo educativo, de formação”, lembra a psicanalista Beth Mori. Pensar analiticamente sobre isso pode ser uma forma de autoconhecimento e também de lidar com muitas questões do dia-a-dia.

Fontes:
Uai Saúde
Catraquinha – Catacra Livre
Saúde Abril
Bem Estar
Revista AZMINA

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